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Corações Aquecidos | Parte V

Carmem Tsuruko Abe

O coração do menino Taissuke Sakuma vibrava na expectativa de novas aventuras e desafios quando embarcou no “La Plata” com seus pais e cinco irmãos. Massajino, seu pai, havia planejado meticulosamente, um esquema de enriquecimento. Em dez anos de trabalho ganhariam cem mil ienes e retornariam milionários ao Japão.

Em alto mar, rumo ao Eldorado brasileiro, organiza-se um curso de língua japonesa para as crianças. Seria um bimestre letivo no “La Plata”. Taissuke se impressionava com o seu professor de sexta série. Havia algo de inexplicavelmente misterioso na personalidade do professor de bordo. Era um homem de oração. Orava pelos seus alunos, pela tripulação e por todas as levas de imigrantes japoneses.

Um dia antes de aportar em Santos, a 6 de Junho de 1928, o professor Daniel Massayoshi Nishizumi procura-o com um Novo Testamento. “Meu filho, quando você enfrentar sua crise existencial, leia este livro. Com certeza lhe servirá de socorro. A desesperança vem de Satanás, porém a esperança virá do Senhor Deus”, eram as palavras da dedicatória.

Com treze anos de idade, teve que enfrentar a vida semi- escrava na Fazenda São João de Mogiana. Eram milhares de cafeeiros por família. Eles trabalhavam à direita do cafezal, enquanto que pela ala oposta, capinavam diaristas contratados para “ajudar” os japoneses. Tudo o que se pagava aos diaristas era descontado do salário dos imigrantes.

Os Sakumas se transferem para a Fazenda Santa Clara, à noroeste de São Paulo, buscando melhores perspectivas. De lá escapam com vida, rumando para a Colônia Bastos, onde enfrentam o árduo trabalho de derrubar a mata virgem. Perdem o pai numa destas derrubadas. A desgraça persegue a família. Entretanto, o jovem Taissuke não admite derrotas. Empenha-se no trabalho e nas competições esportivas e intelectuais da Colônia, conquistando sempre os louros da vitória. Dá o sangue para vencer. Somente com a fragorosa derrota do “invencível time de beisebol dos irmãos. Sakumas” é que, o jovem imigrante entra em crise existencial.

Na desesperança, procura o Deus da esperança. Decide aceitar o insistente convite de um cristão, Morishigue (pai de Rosa Amakawa), que o leva à Igreja Holiness onde é recebido calorosamente por Shimekiti Tanaami e discipulado por Tamura. Encontra em Jesus um tesouro infinitamente maior do que os almejados milhões de ienes. Em 1934, com dezoito anos de idade, se rende aos pés da Cruz. Entretanto, a vida crista lhe apresenta desafios jamais vistos antes: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (Gal 5:22).” Com vinte anos de idade, consagrando-se ao ministério, inicia sua carreira estudantil na capital paulista. Não fazia idéia alguma daquilo que Deus faria de sua vida.

“O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta dos lábios, vem do Senhor”

(Pv 16: 1)

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